Imaginar sempre será mais que viver.

A CHUVA ATRÁS DO BIOMBO CHINÊS 
(Casa de Ichikuze) 

Como já dissemos muitas vezes, a imagem da imaginação não está submetida a uma 
verificação pela realidade. Imaginar sempre será mais que viver. 

Bachelard 

Imaginar não é explicar as coisas, mas contemplá-las: 
eu contemplo 
a bacia de água de sereno com favo de mel dentro 
eu contemplo 
a chuva atrás do biombo chinês 
eu contemplo 
o retrato de um desconhecido morto em 1920 

Fernando Karl

Vê se te arruma.

"Há poema solto por toda parte. 
Vê se te arruma. 
Quem vai te achar no meio de tantas palavras?"

Feliz Proteção

Numa sala, se alguém disser que há um cavalo azul esvoaçando, sabemos que só as crianças o verão (quiçá alguns velhos). Ninguém entra no Reino se não se tornar criança (não no sentido de tamanho ou idade), mas criança no sentido de se abismar no lúdico, no abismo livre das águas e ver as coisas com olhos novos e retinas enxaguadas pela chuva.

http://www.nautikkon.blogspot.com.br/

Meu Iáiá Meu Iôiô


Não deu pra evitar: Wando e Campus Party. Brazil a full!

O Mestre Sem Móveis

Foto de Ivan Cabral - Brás - Sampa - 2011
Em busca de instrução, um jovem viajara muitos meses atrás de um grande mestre que lhe haviam indicado. Tinha a pele ressequida do sol, e os pés machucados de tanto caminhar, mas finalmente chegara à casa do grande sábio.
Para sua enorme surpresa, a casa do grande dignatário não era mais que um humilde casebre, com chão de terra batida. E dentro dele não havia um único móvel. Apenas uma esteira servia de cama ao morador, estendida num canto da sala, e alguns livros.
O candidato não conteve a curiosidade e perguntou:
- Mestre, onde estão os teus móveis?
O mestre respondeu com outra pergunta:
- E os teus, onde estão?
- Os meus? -estranhou o candidato. - Mas eu estou aqui só de passagem.
E o mestre:
- E eu também.

Sol fazia...

acordei bemol
tudo estava sustenido
sol fazia
só não fazia sentido

(Paulo Leminski)

Mas tinha que respirar...

Andreas Franke
Debaixo D'agua Arnaldo Antunes
Debaixo d´água tudo era mais bonito mais azul mais colorido só faltava respirar Mas tinha que respirar Debaixo d'água se formando como um feto sereno confortável amado completo sem chão sem teto sem contato com o ar Mas tinha que respirar Todo dia Todo dia, todo dia Todo dia Todo dia, todo dia Todo dia Debaixo dágua por enquanto sem sorriso e sem pranto sem lamento e sem saber o quanto esse momento poderia durar Mas tinha que respirar Debaixo d'água ficaria para sempre ficaria contente longe de toda gente para sempre no fundo do mar Mas tinha que respirar Todo dia Todo dia, todo dia todo dia Todo dia, todo dia Todo dia Debaixo d'água protegido salvo fora de perigo aliviado sem perdão e sem pecado sem fome sem frio sem medo sem vontade de voltar Mas tinha que respirar Debaixo d'água tudo era mais bonito mais azul mais colorido só faltava respirar Mas tinha que respirar Todo dia Todo dia, todo dia Todo dia Todo dia,  Todo dia

(essa música me faz chorar baixinho)


http://www.vagalume.com.br/arnaldo-antunes/debaixo-dagua.html#ixzz1bSPVkpUC

Varais ao vento



















“Varais ao Vento”  idealizado por  Alessandra Flores e Thayana Barbosa, é um projeto selecionado pelo Prêmio FUNARTE Artes Cênicas na Rua. (edição 2009/2010).
Consiste num espetáculo de rua que tem como processo criativo ações de intervenções urbanas, entrevistas e principalmente encontros.
O tema central deste trabalho é o lavar. Lavar a alma e tudo mais que dela vem. Evocamos para isto a figura das lavadeiras que muito mais do que lavar roupa a beira dos rios se encontravam, conversavam, partilhavam dores e alegrias…
O advento da máquina de lavar é bem vindo, mas o encontro faz falta.
E por onde andam as lavadeiras que na nossa infância subiam ladeiras com latas d’agua na cabeça e desciam com enormes trouxas… em perfeito equilíbrio…

miudezas ambulantes




Melhor desistir!


a foto veio de Margot, the cat
Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho… o de mais nada fazer.
Clarice Lispector
(fiquei na dúvida se era dela mesmo, mas como diz bem o que sinto, fica sendo dela e meu.)

Mirame celeste

Ama-me com ternura

Love me tender,
Love me sweet,
Never let me go.
You have made my life complete,
And i love you so.

Uma Breve Histoire d´Amour

Foto de Adriana Versiani
Ainda imerso na banheira, mergulho no sono e, agora, na escadaria de pedra do sonho, suspiro de gozo ao ver que a mulher de cabelos negros fica nua e sopra em sua pele branca.
Se ela mergulha no sono agora sonha e, no sonho, leite não coalha.
Solitário pires sem xícara, eu levo o rádio ao banheiro, ao sótão, ao quarto. Adormecida a meu lado – Isadora – que eu insulto: água, você secou; laranja, você murchou; sete anos eu te engoli; areia eu te varri; caroço de manga eu te cuspi.
(...)
Isadora sempre olha para mim como se não me visse há anos; e nos vimos no café da manhã.
(...)

Ai de mim, se não dou atenção à Isadora, ela esparrama sal pela casa, atira os gatos pela janela, e diz que fugirá do meu romance mal escrito. Na cama, a chaleira com água quente, Isadora aguarda que eu durma. Como descansar ao lado de Isadora? Ela possessa de sonhos de vingança, esperneia, braceja, resmunga. Vai derramar água quente na minha cabeça?
Eu a desejo; ela não me deseja. Humilhado em meu brio de macho, eu esgano o pescoço da sacana – ela – que cai da cama, ameaça precipitar-se da janela.
Isadora bate a porta da sala de estar e arrasta no pó a roupa do varal.
Fragmento de  "Uma Breve Histoire  d´Amour"
de Fernando Karl

Da Importância das Coisas

"As coisas mais importantes são as mais difíceis de expressar. São coisas das quais você se envergonha, pois as palavras as diminuem - as palavras reduzem as coisas que pareciam ilimitáveis quando estavam dentro de você à mera dimensão normal quando são reveladas. Mas é mais que isso, não? As coisas mais importantes estão muito perto de onde seu segredo está enterrado, como pontos de referência para um tesouro que seus inimigos adorariam roubar. E você pode fazer revelações que lhe são muito difíceis e as pessoas o olharem de maneira esquisita, sem entender nada do que você disse nem por que eram tão importantes que você quase chorou quando estava falando. Isso é pior, eu acho. Quando o segredo fica trancado lá dentro não por falta de um narrador, mas de alguém que compreenda."
Stephan King

Eu tinha tido vontade de ter dito isso. Do fundo do meu coração! Mas ainda bem que o King já disse. E a foto é da Vanessa que foi a Veneza, essa cidade louca de entender, e lembrou de mim. Lá tem cada varal! E aquelas ruelas embevecidas de sol quando se deixam ensolar pedem para gente parar e olhar!

Namorados

se vieres à minha procura
vem devagar e suavemente
para não quebrar a porcelana da minha solidão.
Sohrab Sepehry. Irã, 1928-80

O Perdão

(...)Estar presa significa estar cansada o tempo todo, ter uma grossa camada de cinismo, destruir a esperança, frustrar o novo, o promissor. Significa ter medo de perder antes de abrir a boca. Significa chegar ao ponto de ebulição, por dentro, deixando transparecer ou não. Significa amargos silêncios defensivos. Significa sentir-se desamparada. Existe, porém, uma saída, e é através do perdão. (...) O perdão tem muitas camadas, muitas estações. (...) A mulher que conseguir atingir 95% de perdão de alguém ou de algum acontecimento trágico e danoso está praticamente qualificada para a beatificação, se não para a santidade. Se ela sentir uns 75% de perdão e 25% de "não sei se vou conseguir um dia perdoar totalmente, e nem sei se quero isso", estará mais próxima do normal. No entanto, 60% de perdão acompanhado de 40% de "não sei, não tenho certeza e ainda estou pensando nisso" já são uma atitude decididamente satisfatória. Um nível de perdão de 50% ou menos pode ser considerado como esforço em andamento. Menos de 10%? Ou você está começando, ou ainda não está se esforçando.
Clarissa Pinkola Estés
Mulheres que Correm com os Lobos
Mitos e histórias do arquétipo da mulher selvagem
Ed. Rocco; 1992

varal uruguaio

photo by La Vanu...Punta 2008
Essa aparência de um mero vagabundo
É mera coincidência
Deve-se ao fato de eu ter vindo ao seu mundo com a incumbência
De andar a terra, saber por que o amor
Saber por que a guerra
Olhar a cara da pessoa comum e da pessoa rara
Um dia rico, um dia pobre, um dia no poder
Um dia chanceler, um dia sem comer
Coincidiu de hoje ser meu dia de mendigo
Meu amigo, se eu quisesse, eu entraria sem você me ver,
sem você me ver, sem você me ver ...

Iluminuras

“Escrever nem uma coisa
Nem outra
 A fim de dizer todas
Ou, pelo menos, nenhumas
 Assim
 Ao poeta faz bem
 Desexplicar 
 Tanto quanto escurecer acende os vaga-lumes”.
MANOEL DE BARROS

A Arte do Chá

origamis coisa + fofa da petipan, peguei do blog da Thaís, outra fofa
ainda ontem
convidei um amigo
para ficar em silêncio
comigo

ele veio
meio a esmo
praticamente
não disse nada
e ficou por isso mesmo

Paulo Leminski

Desatinou?

Ela desatinou, viu chegar quarta-feira
Acabar brincadeira, bandeiras se desmanchando
E ela inda está sambando
Ela desatinou, viu morrer alegrias, rasgar fantasias
Os dias sem sol raiando e ela inda está sambando
Ela não vê que toda gente, já está sofrendo normalmente
Toda a cidade anda esquecida, da falsa vida, da avenida
Onde Ela desatinou, viu morrer alegrias, rasgar fantasias
Os dias sem sol raiando e ela inda está sambando
Quem não inveja a infeliz, feliz
No seu mundo de cetim, assim,
Debochando da dor, do pecado
Do tempo perdido, do jogo acabado

Balançando as cores no Varal

Não me falta cadeira
Não me falta sofá
Só falta você sentada na sala
Só falta você estar

Não me falta parede
E nela uma porta pra você entrar
Não me falta tapete
Só falta o seu pé descalço pra pisar

Não me falta cama
Só falta você deitar
Não me falta o sol da manhã
Só falta você acordar

Pras janelas se abrirem pra mim
E o vento brincar no quintal
Embalando as flores do jardim
                      Balançando as cores no varal                  
A casa é sua
  Por que não chega agora?
   Até o teto tá de ponta-cabeça
   Porque você demora

Mudei...2011!

Então tá meus poucos e seletos companheiros de brógs, o ano findou e eu mudei de casa. Este ano tenho nada de especial pra postar de inspirador...foi um ano de algumas rupturas significativas. Quebrei relacionamentos que me eram caros, ainda estou deglutindo. Estilo cobra mesmo, tá meio entalagado nas vértebras ainda. Talvez demore mais um inverno, capaz que dois, ainda não sei. Sei que me modificaram. Sei que passei um Natal completamente diferente de muitos anos, e meu Ano Novo provavelmente também o será. Só pra constar, tive um Natal bem bem bem gostoso. Garanto que não vou à praia, nem comerei uvas, nem pularei ondas, nem gritarei com o fogos, nem me vestirei de branco, nem desejarei paz a quem quer que seja. Minto. Desejarei paz a mim mesma nesta data e para o ano todo. Espero fazer novas amizades. Agradeço às visitas todas deste ano, tanto virtuais quanto reais de amigos (foram 3 queridos que me visitaram de bem distante e vieram especialmente a ver-me. E isso é bem grandioso pra mim.) Só sou grata às oportunidades deste ano que não foi fácil, mas como sou uma pessoa otimista em uns 75% dos meus pensamentos, vou agradecendo mesmo chorando. Tenho algumas certezas nesta vida e uma delas é que nada mudará se eu não quiser. Beijos a todos!

Continuo aqui

Uma visita sua será bem-vinda. E comentário também!

Outro tema

Quero falar de outras coisas.
Mais banais
porém não menos importantes,
interessantes ou competentes.

Que facilidade vocês tem para se ferir!

Que facilidade vocês tem para se ferir!
A frase não era na sua direção. Mas ecoou pela sala e a atingiu. Sua voz embargou, sua tez enrubesceu, seus olhos marejaram e então se levantou. Ajeitou indelicadamente os talheres no prato fazendo muito barulho, empurrou ainda mais a cadeira para musicar com o chão e começou a praguejar. Ouvia-se "calma, calma" entre as maldições. Mas ela não ouvia. Não ela! Maldizia mais ainda! Normalmente numa discussão quando uma pessoa ofendida se ausenta espera-se que vá respirar, coloque a espinha no lugar e volte para poder dialogar. Mas não ela. Ela não! Sua mente foi longe, bem longe, nas entranhas do divino que poderia ser chamado de inferno. Um inferno infantil, de criança sem pirulito no shopping, para desespero dos pais. Ela voltou à infância, ao colo da mãe, ao colo tão desejado e não suprido, culpou-a pela sua falta de feminilidade tão desejada e cultivada. Ela havia se tornado um falo imponente, defensivo e amedrontador. Tinha tanta raiva acumulada despertada por aquela frase que agarrou uma pedra pesada e atirou na direção do autor. Entre seus gritos lancinantes de dor e desespero os vizinhos se assomaram nas janelas. Era um furor uterino. Uma dor de não ser aceita como é. Ficava cada vez pior. Ninguém poderia detê-la. Não nessa hora. Não a ela! A voz tentava dar corpo a uma dor irrepresentável. Os vizinhos desceram dos edifícios e foram para a rua. Um espetáculo perfeito. Sabe-se que a intenção não era essa mas o resultado não foi tão ruim assim. A dor era real mas o narcisismo exagerado. Perde-se totalmente o pudor, a vergonha, a moral. Rígida, ela tinha a ilusão de não estar perdendo nada. Não ela! A família, objeto e causa de sua dor traumática, essa sim estava tendo a certeza de um ataque mais que histérico. Mas dizem que os espetáculos histéricos são uma tentativa de auto-cura. Sim, pois somente querer curar-se é a solução. Porém para querer curar-se é necessário reconhecer-se doente. Doente precisando de ajuda. Mas ela não quer a da família. Não ela! Da família ela só quer carinho e compreensão. Coisa que eles tampouco estão preparados e seguros para ofertar. Da família ela quer distãncia. Da família ela quer compreensão e apoio distantes. Distantes, bem longe mesmo, porque eles falam muito e julgam muito e não a aceitam muito e não entendem muito de quase nada nesta vida. São favelados, pobres de espírito, sem universidade e de pouca leitura. Ela esquece suas origens, renega sua genética. Sim, percebe-se uma tentativa de amá-los, de fato se percebe um esforço. Mas ela não consegue. Não ela.

"Quero cada vez mais aprender a ver como belo aquilo que é necessário nas coisas:
- assim me tornarei um daqueles que fazem belas as coisas."

Amor fati (amor ao destino): seja este, doravante, o meu amor." Não quero fazer guerra ao que é feio. Não quero acusar, não quero nem mesmo acusar os acusadores. Que minha única negação seja ‘desviar o olhar’! E, tudo somado e em suma: quero ser, algum dia apenas alguém que diz sim."

A Gaia Ciência (em alemão : Die fröhliche Wissenschaft) é o último trabalho da fase positiva de Nietsche.

triste


Tenho a mão pesada, ela me está pesando tanto...não era pra ser assim, não era! Depois de um tempo a gente vai tendo umas coragens estranhas e imbecis. Eu não posso perder o medo. Não perdendo o medo terei menos coragem. Tendo menos coragem serei mais dócil. Sendo mais dócil serei mais condescendente e paciente. Sendo paciente não verei as pessoas sem as máscaras. As máscaras são tão necessárias. As pessoas não gostam que as vejamos sem as máscaras. Elas tem todo o direito de se mascararem e disfarçar suas vidas intranquilas. Para que me sinto no direito de palavreador? Para que as faço ver que estão sem as máscaras diante de mim. Que o façam sozinhas na calada da noite. Sinto-me mal...minha mão tem cheiro podre. Todo meu corpo dói.
"Não querer nada de diferente do que é, nem no futuro, nem no passado, nem por toda a eternidade.
Não só suportar o que é necessário, mas amá-lo".
Nietzsche

Sucesso

Foto de Gaspar de Jesus

Rir muito e com freqüência; ganhar o respeito de pessoas inteligentes e o afeto das crianças; merecer a consideração de críticos honestos e suportar a traição de falsos amigos; apreciar a beleza, encontrar o melhor nos outros; deixar o mundo um pouco melhor, seja por uma saudável criança, um canteiro de jardim ou uma redimida condição social; saber que ao menos uma vida respirou mais fácil porque você viveu. Isso é ter tido sucesso.
Emerson, meu filósofo de cabeceira
(retirado do site www.mimicoeverton.com.br , amigão das antigas)

Cicatrizes

Foto de Palacios

Essa é uma cicatriz - ela mostra o cotovelo esquerdo - que eu fiz quando caí de bicicleta no barranco da casa da minha tia.
Essa aqui - ela mostra o joelho esquerdo agora - foi quando eu escorreguei, outro dia, na casa da minha mãe.
Essa aqui é a minha cesareana.
Essa cicatriz aqui - e levanta a cabeça para mostrar o queixo - eu ganhei quando espirrei e bati na mesa. Doeu muito.
Essa aqui - toca a sobrancelha - foi numa topada num orelhão na Av. Paulista.
Essa aqui - aponta o coração - não dá pra ver mas ela tá ali...fiz por um amor não correspondido na adolescência...
Essa aqui ó - abre a boca e tenta mostrar a garganta - foi de um grito de dor.
Essa outra mais profunda é de um grito que eu não dei.
...
Aquela ali - e aponta a testa do marido - é uma tamancada que acertei.
A minha ficou mais ou menos por aqui - e vai tateando o braço direito até chegar no omoplata.
Essa - e mostra o cotovelo direito - foi uma ralada numa parede "texturizada" na casa da minha tia. Na tia de novo. Moderna com a parede "texturizada".
Tem essa aqui também - e aponta a nádega esquerda - que foi de um furúnculo. Também na adolescência. Será que...?
Essa do meu dedo foi cortando pimentão com a vó.
Essa aqui menorzinha também no coração é de uma amizade desfeita.
Essa doeu muito - e abre a mão esquerda mostrando o espaço entre o polegar e o indicador - foi cortando tomate e brigando. Me desconcentrei.
Essa aqui atrás dos olhos é de um negócio que eu vi e nem quero mais lembrar.
De nada...não quero mais lembrar de nada.

É

Foto de Gaspar de Jesus
Um homem não deve irritar-se com sua mulher, para que ela não chore.
Talmude, tratado Baba Metsia

Escombros

Rafael Andrade/Folha Imagem

ONG protesta e constrói barraco na areia da praia de Copacabana

Pessoas observam barraco montado em Copacabana com material retirado de escombros do morro do Bumba.


A organização não governamental Rio de Paz instalou neste sábado na areia da praia de Copacabana um barraco e um varal com várias peças de roupas penduradas. Erguido com madeiras dos escombros de casas destruídas pela chuva que atingiu o Estado há dez dias, o barraco chama a atenção de quem passa pelo calçadão de Copacabana, em frente à avenida Princesa Isabel.

O diretor executivo do Movimento Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, informou que a instalação do barraco tem o objetivo de levar para a praia o cenário de uma favela e mostrar como as pessoas convivem com a falta de infraestrutura, como saneamento e de segurança.

"Com este protesto, queremos chamar a atenção das autoridades dos governos estadual e municipais para que estabeleçam e cumpram um cronograma de obras que dê dignidade aos moradores de comunidades carentes".

Vários moradores do morro do Bumba, em Niterói, que foi praticamente destruído com um deslizamento, e que perderam suas casas, participam da manifestação. Os últimos temporais que atingiram o Rio de Janeiro deixaram pelo menos 253 mortos e centenas de desabrigados. Niterói foi o município mais afetado.

fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u722353.shtml