mestre Eckhart
agradecendo KarlSermão 16
Diz um mestre:
se faltasse qualquer meio (separador) entre mim e o muro, então estaria eu junto ao muro, mas não me acharia dentro do muro. Nas coisas espirituais, não é assim. Porque uma coisa sempre se encontra dentro da outra; o que recebe é o que é recebido, pois não recebe nada fora de si mesmo. Esse é um assunto sutil. A quem o compreende já não fazem falta os sermões. Mas direi um pouco mais sobre a imagem da alma. São muitos os mestres a opinarem que esta imagem nasceu da vontade e do conhecimento, mas não é assim; ao contrário, digo que esta imagem é a expressão de si mesma sem a vontade e sem o conhecimento. Trarei ao seu alcance uma semelhante: que ponham um espelho diante de mim: me reflito no espelho, queira-o ou não, sem vontade nem conhecimento de mim mesmo. Essa imagem reflexa não provém do espelho e tampouco provém de si mesma, essa imagem se fundamenta mais que tudo naquele de quem tem sua essência e sua natureza. E quando o espelho já não se acha diante de mim, não me reflito mais nele, porque eu mesmo sou a imagem. Outro exemplo mais: quando uma rama brota de uma árvore, leva tanto o nome como a essência da árvore. Aquele que brota é o mesmo que permanece dentro, e aquele que permanece dentro é o mesmo que brota. Assim, pois, a rama é a expressão de si mesma. O mesmo digo também da imagem da alma: aquele que sai é o mesmo que permanece dentro, e aquele que permanece dentro é o mesmo que o que sai. Essa imagem é o Filho do Pai, e essa imagem sou eu mesmo, e essa imagem é a sabedoria.
Quem o compreende que não se preocupe!
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