Carta de Intenções 2009


Que eu seja tocada pela varinha mágica, que eu mude de atitude, que eu continue com saúde, que eu caia na roda da malemolência, que eu chore de tanto rir, que eu possa mudar de endereço, que eu receba menos arquivos PPSs e mais abraços, que eu possa estudar inglês, que eu pinte um quadro, uma aquarela ou mesmo uma parede, que eu ande menos de salto sem perder a elegância, que a elegância não me abandone jamais, que pegue mais vento, que eu tenha as perguntas inspiradas para um Ganha-Ganha, que minha voz seja um sorvete, que eu tenha tolerância com os menos favorecidos intelectualmente, que eu possa ser mais paciente, que eu possa ler ao menos dois livros por mês, que eu aprenda a desaprender, que minhas escolhas sejam certeiras, que eu possa tirar mais fotos, que um raio luminoso interfira em minhas idéias, que eu tenha a pureza de Angelita dando tchau pra avião, que eu viaje mais de avião, que eu retorne aos parentes distantes, que minha fé não seja colocada à prova, que eu fique menos ruborizada, que eu possa dominar minha fera, que eu seja atingida pela força da doçura, que meu marido continue se arrepiando de amor por mim, que não seja difícil encontrar amigos sinceros, que eu use menos gírias antigas, que eu não precise usar gírias, que eu não fale palavrões quando os nervos me bloquearem o cérebro, que eu seja fazedora de bem-quereres como um Lama, que eu seja merecedora de bons presságios, que ninguém possa dilacerar meu coração com ledos enganos, que eu tenha tempo para cartas de amor, que tome mais chuva sem resfriar-me, que aprenda a cuidar de plantas, que eu possa finalmente fazer um curso de culinária, que eu faça mais pic-nics em toalhas xadrezas, que eu possa tomar vinho sem ficar com dor de cabeça, que meu filho siga sendo minha melhor platéia, que eu possa jogar conversa fora, que eu durma menos porém mais profundamente, que sonhe tanto a ponto de levitar, que quando enxergar um unicórnio possa acreditar nos meus olhos, que eu possa praticar ioga, que possa ser menos conservadora, que meus arquivos não sejam pesados, que eu aprenda a instalar o Windows, que eu observe com um sorriso as tentações as quais não caí, que eu não durma vendo filmes, que meus varais sejam sempre coloridos, que eu não seja vítima dos cosméticos, que a holografia não me meta medo, que minhas consultas sejam somente de rotina, que eu vá a shows onde eu saiba as letras das canções, que meus tirocínios não sejam banais, que me pesem menos os ombros, que meus joelhos sejam flexíveis, que eu seja digna de confiança, que eu carregue mais bebês à "upa", que eu não precise despertar tão cedo para compromissos e sim para andar na praia, que Deus me livre de segundas intenções e da maledicência, que eu possa entender verdadeiramente o valor da caridade, , que eu esqueça as coisas inúteis, que eu não esqueça onde deixei as chaves, que eu abra mais portas, que eu possa manter bem fechadas algumas, que minha sala seja uma garrafa de champagne, que eu possa dizer sim mais facilmente, que eu saiba dizer não mais facilmente, que eu não pense que fui esquecida, que eu esqueça quem me esqueceu, que eu freqüente mais "cinemateatrobalé", que eu tome mais água como diz minha mãe, que tome menos coca-cola como dizia meu pai, que eu fique sempre bem na foto como diz minha irmã, que eu lembre de entregar o filme na locadora a tempo de não pagar multa, que eu não deixe meu sonho naufragar, que eu deseje somente o que é meu por direito divino, que eu aprenda a reciclar, que compre um chapéu panamá que adoro e que possa ficar perplexa a ponto de Carpinejar. Cumpra-se.


Vanusa, a Angelita
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