De todos os objetos

Foto Todd Webb - 1946
enviada pelo Fernando - nautikkon.blogspot.com

De todos os objetos, os que mais amo
são os usados.
As vasilhas de cobre com as bordas amassadas,
os garfos e as facas cujos cabos de madeira
foram colhidos por muitas mãos. Estas são as formas
que me parecem mais nobres.
Estes ladrilhos das velhas casas
gastos por terem sido pisados tantas vezes,
estes ladrilhos onde cresce a grama
me parecem objetos felizes.
Impregnado do uso de muitos,
a miúde transformados, foram aperfeiçoando suas formas
e se fizeram preciosos
porque tem sido apreciados muitas vezes.
Agradam-me, incluso, os fragmentos de esculturas
com os braços cortados. Viveram também por mim.
Caíram porque foram trasladados.
Derrubaram-nas, talvez, porque estavam muito altas.
As construções quase em ruína
parecem todavia projetos sem acabar,
grandiosos; suas belas medidas
podem já imaginar-se, mas ainda necessitam
de nossa compreensão. E além do mais
já serviram, inclusive já foram superadas. Todas estas coisas
me fazem feliz.
Bertold Brecht, poeta, teatrólogo, novelista e crítico de arte, nasceu em Augsburgo, na Alemanha, em 1898. Estudou medicina e ciencias naturais em Munique. Em 1914, publicou seus primeiros versos. Mudou-se para Berlin em 1924, onde trabalhou no Deustscher Theater, entrando em contato com diretores teatrais que iniciaram, em seu tempo, uma grande renovação no campo da arte dramática.
2 Responses
  1. ELE é o MáXIMO!!!
    Ficou lindo o conjunto.


  2. La Vanu Says:

    uau!, que rápida!
    Bj