As caixinhas


Quando Angelita era Angelita,
o avô era fotógrafo, me conta ela.
Entre 3x4, 10x15 e poucas 13x18,
as caixinhas amarelas de papel Kodak
se acumulavam ao lado do quarto escuro de revelação.
Angelita e os primos se divertiam enfileirando
as caixas como dominó. Por todos os cômodos do barracão.
O cuidado em não derrubar tudo antes do fim.
O avô tropeçava, xingava mas continuava armazenando
as caixinhas amarelas para as férias.
2 Responses
  1. Anônimo Says:

    Angelita: nessas microhistórias, sim, a infância inteira: os gomos do vento por dentro da alma: céu emendado a céu.

    Karl


  2. Beleza de infância!
    Bela a forma como a contas.
    A poesia nunca falta nas imagens que os genes te transmitiram, nem nos nacos de prosa.

    Cada vez mais te aprecio.

    Um beijo.